O vice-prefeito de Porto Alegre, Ricardo Gomes, expressou sua insatisfação com a atuação do ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, no contexto das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. Em entrevista à revista Oeste, Gomes destacou que, apesar da intensa comunicação promovida pelo ministro, as ações concretas para ajudar a população afetada foram escassas.
Desde que as enchentes começaram, há quatro meses e meio, muitas famílias perderam suas casas e bens, e o comércio local sofreu severos danos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu afastar o governador Eduardo Leite e designar Pimenta para liderar as ações do governo federal no estado, uma escolha que, segundo Gomes, pareceu mais política do que técnica.
O vice-prefeito criticou a abordagem de Pimenta, afirmando que houve “muita comunicação e pouca realização”. Ele ressaltou que a pasta das Comunicações deveria ter um papel mais ativo na implementação de soluções práticas para os problemas enfrentados pela população, em vez de se concentrar apenas em discursos e promessas.
Gomes também abordou a questão da burocracia que atrasa a liberação de recursos e a construção de habitações. Ele mencionou que, apesar das promessas do governo federal, apenas sete casas foram construídas em Porto Alegre, enquanto quase 3 mil cadastros estavam prontos para serem atendidos. Essa lentidão tem gerado frustração entre os cidadãos que esperam por ajuda.
Além das questões habitacionais, o vice-prefeito destacou os impactos na educação e na saúde mental das crianças afetadas pelas enchentes. Ele lembrou que a pandemia de covid-19 já havia causado um déficit de aprendizagem, e agora, com a calamidade, muitas crianças não conseguiram retornar às aulas, o que agrava ainda mais a situação.
Ricardo Gomes também observou que as enchentes trouxeram uma nova perspectiva para a cultura gaúcha, tradicionalmente mais isolada. Ele acredita que a catástrofe possibilitou uma aproximação maior entre os gaúchos e o restante do Brasil, promovendo um intercâmbio cultural que antes era menos frequente.
Por fim, o vice-prefeito concluiu que é necessário um esforço conjunto para recuperar a saúde mental das crianças e garantir que elas tenham acesso à educação de qualidade. A situação atual exige não apenas comunicação, mas ações efetivas que atendam às necessidades da população afetada pelas enchentes no Rio Grande do Sul.