De acordo com o médico Gustavo Khattar de Godoy, a depressão em idosos muitas vezes passa despercebida, confundida com o envelhecimento natural ou outros problemas de saúde comuns nessa fase da vida. Enquanto é natural que algumas mudanças de humor ocorram com a idade, a depressão é uma condição clínica séria que vai muito além da tristeza passageira.
Muitos cuidadores e familiares não reconhecem os sinais porque os idosos tendem a não verbalizar seus sentimentos ou a minimizar seus sintomas por vergonha, ou medo de parecer fracos. Saiba mais, a seguir!
Quais são os sinais mais comuns de depressão em pessoas idosas?
Os sinais de depressão em idosos podem ser diferentes dos observados em adultos mais jovens, pontua o doutor Gustavo Khattar de Godoy. Em vez de tristeza evidente, eles podem apresentar perda de interesse por atividades antes prazerosas, isolamento social, irritabilidade, alterações no apetite e no sono, dificuldades de memória e concentração, além de queixas físicas persistentes sem causa médica aparente.

É comum que sintomas depressivos sejam confundidos com demência, especialmente quando envolvem perda de memória, lentidão no raciocínio e desinteresse geral. No entanto, na depressão, esses sintomas costumam surgir de forma mais abrupta, enquanto na demência o declínio é gradual e progressivo. Outro ponto é que, na depressão, o idoso geralmente está consciente de suas dificuldades cognitivas e se queixa delas, ao passo que na demência a percepção da perda é reduzida.
Qual é o impacto da solidão e do isolamento social na saúde mental dos idosos?
A solidão é um dos maiores fatores de risco para a depressão em idosos. A perda de entes queridos, a aposentadoria, a redução das atividades sociais e a mobilidade limitada podem contribuir para um isolamento crescente. Quando o idoso se sente desconectado do mundo ao seu redor, sua autoestima e motivação diminuem drasticamente. Estudos mostram que o isolamento social está diretamente ligado ao aumento de casos de depressão, ansiedade e até mesmo doenças cardiovasculares.
O papel da família é essencial para perceber mudanças sutis no comportamento do idoso e buscar ajuda adequada, explica o médico Gustavo Khattar de Godoy. Muitas vezes, são os familiares que notam primeiro os sinais de retraimento, falta de apetite ou alterações no humor. Manter um diálogo aberto, sem julgamentos, e demonstrar empatia pode ajudar o idoso a se sentir acolhido e mais propenso a aceitar ajuda.
Quais profissionais podem ajudar no tratamento da depressão em idosos?
O tratamento da depressão em idosos deve ser multidisciplinar. Médicos geriatras, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais podem atuar em conjunto para elaborar um plano de cuidado eficaz. Em alguns casos, a combinação de psicoterapia e medicamentos antidepressivos é indicada, sempre considerando os efeitos colaterais e as interações com outros medicamentos que o idoso possa estar utilizando.
Segundo o doutor Gustavo Khattar de Godoy, criar um ambiente acolhedor, seguro e estimulante é essencial para a saúde mental dos idosos. Pequenas mudanças, como uma rotina estruturada, iluminação adequada, estímulos sensoriais e oportunidades de interação social, podem fazer grande diferença. Incentivar o idoso a participar de decisões cotidianas e respeitar sua autonomia são atitudes que fortalecem o sentimento de utilidade e pertencimento.
Em suma, transformar a abordagem de cuidado é enxergar o idoso como um ser humano pleno, com história, desejos e necessidades emocionais. Para Gustavo Khattar de Godoy, isso implica em sair do modelo puramente assistencialista e adotar uma postura mais empática, proativa e centrada na pessoa. Trata-se de ouvir com atenção, validar sentimentos, criar vínculos afetivos e buscar soluções conjuntas para melhorar a qualidade de vida.
Autor: Zusye Pereira