Recentemente, moradores de várias cidades do Sul do Rio Grande do Sul, como Arroio Grande, São Lourenço do Sul, Pelotas e São José do Norte, relataram a ocorrência de um fenômeno conhecido como “chuva preta”. Este evento foi registrado na segunda-feira, dia 9 de setembro, e gerou preocupação entre a população local.
De acordo com o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a coloração escura da chuva é resultado da mistura de fuligem proveniente de queimadas com as gotas de água. A meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, também observou que o fenômeno se estendeu a cidades do norte do Uruguai, próximo à fronteira com o Brasil.
A especialista explica que a “chuva preta” ocorre quando a chuva normal passa por uma atmosfera saturada de fumaça. Com a previsão de instabilidade climática nos próximos dias, há a possibilidade de que esse fenômeno se repita em outras localidades do estado, incluindo Porto Alegre.
O climatologista Francisco Aquino, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), já havia alertado sobre essa situação, que é agravada por fatores climáticos como a baixa umidade do ar e ondas de calor. Ele destaca que a água da chuva pode apresentar coloração alterada devido à presença de partículas depositadas.
Além da chuva, a qualidade do ar na região tem sido uma preocupação crescente. Em Porto Alegre, a qualidade do ar foi classificada como “insalubre”, com níveis de partículas PM2.5 quase 12 vezes acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas partículas, que são muito menores que um fio de cabelo, podem causar sérios problemas respiratórios.
A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do estado informou que está monitorando a qualidade do ar, enquanto a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre emitiu recomendações para a população, como buscar atendimento médico em caso de sintomas respiratórios e evitar atividades ao ar livre durante períodos críticos de poluição.
Os riscos à saúde associados à exposição à fumaça incluem problemas respiratórios, doenças cardiovasculares e irritações nos olhos, nariz e garganta. Especialistas recomendam o uso de purificadores de ar e a ingestão de líquidos para ajudar a proteger o sistema respiratório.
Por fim, a poluição atmosférica não apenas afeta a saúde, mas também altera a aparência do céu. A fumaça das queimadas, que se desloca por grandes distâncias, pode modificar a cor do pôr do sol e até mesmo da lua, tornando-as mais avermelhadas em condições de alta poluição. Essa situação ressalta a necessidade urgente de medidas para combater as queimadas e proteger a saúde pública.