O acordo entre governo do RS e Ministério Público está em fase avançada de negociação e promete ser um marco para a saúde pública no Rio Grande do Sul. A iniciativa visa assegurar que o Estado aplique no mínimo 12% de seu orçamento anual em ações e serviços públicos de saúde, conforme determina a Constituição Federal. O compromisso é visto como essencial para o fortalecimento do sistema estadual de saúde e para a melhoria do atendimento à população gaúcha. Até o momento, a expectativa é que o pacto seja firmado até o início de julho, o que representaria o fim de um longo impasse entre as partes.
Um dos principais entraves nas negociações do acordo entre governo do RS e Ministério Público está relacionado ao prazo para o cumprimento da aplicação dos 12%. O governo inicialmente propôs um cronograma que alcançaria o percentual mínimo somente em 2031, com incrementos graduais ao longo dos anos. Já o Ministério Público, por meio da promotora Gislaine Luckmann, tem pressionado para que esse prazo seja reduzido para 2028 ou, no máximo, 2029. Essa antecipação visa garantir que o compromisso não fique apenas para um governo futuro distante, mas que haja um impacto concreto na saúde pública em curto prazo.
Além do prazo, outro ponto delicado no acordo entre governo do RS e Ministério Público são os valores dos incrementos anuais. Quanto mais extenso for o prazo, menores podem ser os aumentos a cada ano, o que preocupa o Ministério Público, que defende um ritmo mais acelerado de aportes para assegurar a efetiva melhoria dos serviços de saúde. O governo, por sua vez, argumenta que aumentos muito altos podem comprometer a sustentabilidade fiscal e dificultar o equilíbrio das contas públicas do Estado, que já enfrenta desafios financeiros significativos.
Outro aspecto central nas tratativas é a forma como os recursos serão administrados. O Ministério Público exige que os valores sejam depositados diretamente no Fundo Estadual da Saúde para garantir maior transparência e controle sobre a destinação dos recursos. O governo, entretanto, propõe que os pagamentos ocorram em uma conta vinculada, mas que não seja formalmente o Fundo Estadual da Saúde. Essa divergência é fundamental para o MP, pois envolve a fiscalização rigorosa do investimento público, enquanto o Executivo defende maior flexibilidade na gestão orçamentária.
Além das questões atuais, o acordo entre governo do RS e Ministério Público também busca solucionar uma dívida histórica que remonta a 2006. Naquela época, o Ministério Público ganhou uma ação na Justiça contra o Estado, que foi condenado a pagar a diferença entre o que foi aplicado e o mínimo constitucional. Esse montante, corrigido, chega a aproximadamente R$ 1,6 bilhão. O MP propõe que esse valor seja pago em parcelas somente após o Estado atingir o patamar de 12% de investimento, o que adiciona uma camada de complexidade às negociações.
Em meio às negociações, o governador Eduardo Leite anunciou um aporte extraordinário de R$ 1 bilhão para a saúde até o fim de seu mandato, condicionado à assinatura do acordo entre governo do RS e Ministério Público. A previsão é que R$ 250 milhões sejam liberados ainda em 2025 e os restantes R$ 750 milhões em 2026. Esse aporte bilionário visa mitigar o déficit causado pela defasagem dos repasses do Ministério da Saúde, especialmente para consultas com especialistas, um dos principais gargalos apontados pelos prefeitos e gestores locais.
A Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul ainda trabalha na definição de como esses recursos serão aplicados. O início da liberação do investimento dependerá da concretização do acordo, e o governo avaliará se o montante será liberado em parcela única ou de forma parcelada durante o segundo semestre de 2025. A forma de aplicação também deverá estar alinhada com as estratégias para garantir que o SUS Gaúcho funcione de maneira eficiente, promovendo maior acesso e qualidade nos serviços oferecidos à população.
Por fim, o acordo entre governo do RS e Ministério Público prevê mecanismos de fiscalização e punições para garantir que o pacto seja cumprido integralmente. A expectativa é que essa parceria promova uma mudança estrutural no financiamento da saúde no Estado, dando maior segurança jurídica e transparência no uso dos recursos públicos. Para a sociedade gaúcha, a assinatura desse acordo é um passo fundamental para a melhoria do atendimento no sistema público de saúde, garantindo investimentos sólidos e continuidade no fortalecimento do SUS estadual.
Autor: Zusye Pereira